3 maneiras pelas quais a dieta pode influenciar a dor 

1. O consumo excessivo de alimentos pode levar ao ganho de peso, o que piorar a dor. 

Algumas pesquisas mostram que estar com sobrepeso ou obesidade é um fator de risco para dor crônica. Isso pode ocorrer porque os quilos em excesso no corpo aumentam a tensão mecânica sobre as articulações e os tecidos conjuntivos. ¹ A obesidade também está relacionada à inflamação, sobre a qual aprenderemos mais na próxima seção. 

Lembre-se de que muitos de nós buscamos alimentos reconfortantes e comer compulsivamente como uma forma de aliviar a dor. Desse modo, a relação entre dor e comer demais pode ser uma via de mão dupla. Ou seja, comer demais pode levar ao aumento da dor, e a dor pode levar a comer excessivamente.¹

Além disso, alimentos com muito açúcar, gordura e sal tendem a ativar sistemas de "recompensa" no cérebro, e aumentar o nível de hormônios do bem-estar no cérebro, como a dopamina.¹ Alguns pesquisadores acreditam que isso pode impulsionar o vício alimentar, contra o qual muitas pessoas com obesidade e dor crônica lutam. Assim, evitar alimentos açucarados e gordurosos altamente processados pode ajudar a reduzir a vontade e o ciclo de comer em excesso e/ou de comer por alívio. 

2. Os alimentos podem afetar os níveis de inflamação, o que pode impactar na dor.

Muitas condições inflamatórias no corpo estão ligadas à dor nas articulações.² Para muitas pessoas, a inflamação (impulsionada por um sistema imunológico hiperativo) piora quando comem certos alimentos, como açúcar refinado e laticínios.^3,4 Evitar esses alimentos pode ajudar a combater a inflamação excessiva e aliviar a dor articular crônica. 

Por outro lado, muitos alimentos ricos em nutrientes, incluindo frutas, vegetais, nozes e sementes e gorduras saudáveis (especialmente os ácidos graxos ômega-3), demonstraram reduzir a inflamação, o que pode melhorar a dor.^5,6 Como um benefício adicional, esses alimentos saudáveis também fornecem muitos nutrientes importantes, como proteínas, antioxidantes, vitaminas e minerais, que são necessários para fazer com que articulações, músculos, vasos sanguíneos e ossos sejam fortes e saudáveis. 

3. Certos alimentos podem influenciar o funcionamento da medicação para a dor. 

Se você e seu médico decidirem pela necessidade de medicamentos para aliviar a dor para ajudar no controle da sua condição de dor crônica, certifique-se de ingerir alimentos que:

• Não impactem negativamente o funcionamento de sua medicação ou sua metabolização pelo seu corpo. Por exemplo, comer toranja ou beber suco de toranja afeta a quantidade de e o período de tempo em que certas drogas ficam presentes no sangue.^7,8 O álcool também pode aumentar o risco de efeitos adversos associados a alguns medicamentos para a dor, como sangramento ou dano hepático.⁹
• Ajudem a neutralizar os efeitos colaterais de seus medicamentos. Como certos medicamentos podem causar prisão de ventre, é importante comer vegetais e outros alimentos com bastante fibra e ingerir líquidos para ajudar a manter o intestino regulado.⁵
• Não interfira na colônia de bactérias benéficas que vivem em seu intestino, que normalmente ajudam a digerir e absorver nutrientes e metabolizar medicamentos. Uma dieta pobre pode prejudicar o seu trato digestivo, bem como os bilhões de bactérias que vivem em seu interior (chamadas de microbioma). Esses danos podem afetar negativamente a maneira como os analgésicos são decompostos.^10,11

Conclusão

Se você tem dor crônica, converse com seu médico para verificar se há meios de melhorar a sua dieta. Uma dieta mais saudável não apenas aumenta a função das articulações e bem-estar geral, mas também pode ajudar no controle de sua condição.

Algumas regras básicas de alimentação a serem observadas: evite açúcar refinado e outros produtos processados, reduza o consumo de álcool, mantenha-se bem hidratado e priorize alimentos realmente ricos em nutrientes, como grãos inteiros, vegetais, frutas, gorduras saudáveis e proteína animal magra. Converse com o seu médico para obter mais informações e sabe quais alimentos são adequados para você.

1. McVinnie, D.S. (2013). Obesity and pain. British Journal of Pain. 7(4): 163–170. www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4590160/
2. Causes of Inflammatory Joint Pain (2020). Arthritis Foundation. www.arthritis.org/health-wellness/healthy-living/managing-pain/understanding-pain/causes-of-inflammatory-joint-pain
3. The Sweet Danger of Sugar (2019). Harvard Medical School. www.health.harvard.edu/heart-health/the-sweet-danger-of-sugar 
4. Is Dairy Arthritis Friendly (2020). Arthritis Foundation. www.arthritis.org/health-wellness/healthy-living/nutrition/healthy-eating/dairy-and-inflammation
5. Gregori, D., et al. (2016). Combining pain therapy with lifestyle: the role of personalized nutrition and nutritional supplements according to the SIMPAR Feed Your Destiny approach. Journal of Pain Research. 9: 1179–1189. www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5153285/ 
6. Diet Therapy for Arthritis Symptoms (2020). Arthritis Foundation. www.arthritis.org/health-wellness/healthy-living/nutrition/anti-inflammatory/diet-as-therapy-for-arthritis-symptoms
7. Neimenen, T., et al. (2010). Grapefruit juice enhances the exposure to oral oxycodone. Basic and Clinical Pharmacology and Toxicology. 107(4): 782-8. www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20406214
8. Thorpe, M. (2017). Grapefruit Warning: Can Interact With Common Medications. Healthline. www.healthline.com/nutrition/grapefruit-and-medications#section8
9. Alcohol and Arthritis (2020). Arthritis Foundation. www.arthritis.org/health-wellness/healthy-living/nutrition/foods-to-limit/alcohol
10. Houkai, L., et al. (2016). The influence of gut microbiota on drug metabolism and toxicity. Expert Opinion on Drug Metabolism & Toxicology. 12(1), 31–40. www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5683181/
11. Nichols, R., et al. (2019). Interplay Between the Host, the Human Microbiome, and Drug Metabolism. Human Genomics. 13: 27. https://humgenomics.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40246-019-0211-9