Compreendendo a dor nas articulações que nosso ente querido sofre

Caso esteja cuidando de alguém que sofre de dores nas articulações, ter consciência do que essa pessoa está passando pode auxiliar muito em sua capacidade de ajudar.
11 de Outubro de 2020 | 5 minutos de leitura

Você é o(a) cônjuge ou quem irá cuidar de alguém que convive com dor crônica? Caso seja, você não está só. De acordo com o Australian Bureau of Statistics, mais de 2,65 milhões de australianos forneceram cuidados não remunerados a um ente querido no ano passado.1

Cuidar ou apenas morar com um ente querido com dor crônica no quadril, no joelho ou com outros tipos de dor nas articulações pode ser incrivelmente enriquecedor, mas ao mesmo tempo exigente e estressante. Pode ser difícil desenvolvermos empatia em relação ao nosso ente querido, se ele ou ela sofre de dores nas articulações causadas por artrite ou alguma outra condição crônica.

Segundo os Institutos Nacionais de Saúde (INS), a dor é uma experiência pessoal e subjetiva. Não há um teste que possa medir a dor com precisão.2 Você pode imaginar como seria frustrante ter dor crônica, a qual você nunca conseguiria realmente descrever?

Os seguintes problemas são efeitos comuns da dor crônica. Estar ciente deles pode ser tudo o que é preciso para entender melhor e fornecer apoio ao seu ente querido.

1. Incapacidade física.Pessoas com dor nas articulações muitas vezes precisam de mais tempo para fazer atividades básicas. Mesmo as tarefas mais simples podem se tornar mais difíceis. Em geral, elas podem precisar de mais pausas e de um ritmo mais lento. Isso pode facilmente impedi-las de participar de atividades que costumavam desfrutar.

Qual seria a sensação de lutar para sair da cama ou simplesmente de levantar de uma cadeira? Como seria ter pouco ou nenhum alívio para a dor? Como você conciliaria a memória da pessoa que era com a pessoa que se tornou?

Pare e tente imaginar:

E se a sua vida fosse totalmente diferente por causa de sua dor?

Você era a primeira pessoa a chegar para as compras de Black Friday. Agora, luta para acompanhar seus amigos e precisa fazer pausas frequentes. Você diz para eles irem na frente, e que logo os alcança, fingindo não ver a decepção em seus olhos. Você fica só imaginando o que eles devem estar pensando sobre você.

Talvez, você fosse um corredor ávido. Toda primavera, a brisa fresca da manhã balançava seus cabelos, chamando você para mais um longo percurso. Você daria qualquer coisa para sentir aquela sensação maravilhosa das corridas mais uma vez. Mas, agora não pode.

Como cuidador, é muito fácil padronizar a rotina que todas essas mudanças trazem à nossa própria vida. Mas, parar para realmente refletir sobre o que nosso ente querido está passando, e a guerra mental que ele enfrenta, contribuiria muito para a nossa capacidade de lidar com a situação.

Cuidando de um ente querido após a cirurgia

2. Isolamento social. A incapacidade física e a dor podem dificultar o contato com os amigos e familiares. Não poder sair e se divertir com os entes queridos pode fazer com que você se sinta incrivelmente isolado, agravando ainda mais os sintomas.

Sejamos sinceros, ninguém quer ser um fardo para seus entes queridos. Assim, se isolar nessas situações se torna uma defesa natural. No entanto, como cuidador, ter um olhar sensível em relação a isso pode nos ajudar a descobrir como fazer para que nossos entes queridos interajam novamente. Se demonstrarmos para eles que não são um fardo, ou que o seu ritmo mais lento é uma mudança bem-vinda para todo o grupo, talvez eles se sintam mais confortáveis em fazer parte de alguns dos seus compromissos sociais.

3. Muitas emoções. A combinação de dor, deficiência física e isolamento social é uma carga muito grande para qualquer um lidar. Isso pode evocar todo tipo de emoções, principalmente se problemas para dormir devido à dor fizerem parte deste pacote.

As pessoas com problemas articulares podem estar lutando contra a dor e uma sensação de perda pela vida que costumavam viver, além de precisarem aceitar o seu novo estilo de vida e identidade. A dinâmica de relacionamento delas provavelmente mudou também, fazendo com que elas, e você, desempenhem novos papéis e sigam outras normas. Conversem a respeito desse turbilhão de emoções que está acontecendo!

Talvez, a causa do seu ente querido parecer, às vezes, tomado por forte emoção, pode ser devido a esta tempestade de sentimentos que ocorre dentro dele. Ele pode parecer bem em um determinado instante, com raiva em outro, depois triste. Como cuidador, talvez demore algum tempo para que você consiga entender tudo isso. Se estiver ciente do que está acontecendo, você pode ser capaz de ajudá-lo a falar sobre suas emoções e a encontrar soluções.

Embora definitivamente não seja uma lista completa, as seguintes emoções são comuns entre pessoas que sofrem de dores nas articulações:3

  • Raiva
  • Confusão
  • Depressão
  • Constrangimento
  • Fadiga
  • Medo
  • Frustração
  • Isolamento
  • Ciúme

Lidando com o seu estresse ao cuidar de outra pessoa

É importante notar que o objetivo deste artigo não é ignorar o lado emocional e mudar o que você, cuidador, pode estar passando também. Viver com, ou cuidar de, alguém com dor crônica pode mudar drasticamente a sua vida, e tal mudança pode vir cheia de emoções.

Talvez, você passe por uma sensação de perda4 devido a uma mudança necessária em seu estilo de vida. Pode haver ressentimento4 por não ter mais alguém para compartilhar a vida social, dirigir o carro quando preciso ou planejar as atividades. E você pode se sentir culpado4 por continuar a se envolver em atividades nas quais o seu ente querido não consegue mais participar. Também pode se tornar extremamente estressante para casais que não são mais capazes de desfrutar certas atividades juntos.

Tal como acontece com as emoções comuns àqueles que sofrem de dor, aqui estão algumas emoções normalmente presentes entre os cuidadores:4

  • Raiva
  • Tédio
  • Desgosto
  • Frustração
  • Luto
  • Impaciência
  • Irritabilidade

Independentemente de quais emoções esteja sentindo, lembre-se que você não está só. Você está lidando com muita coisa também, então não se cobre tanto durante este tempo. Tenha conversas abertas com o seu ente querido sobre como ele está se sentindo, mas também mostre como você está se sentindo. Um pouco de compreensão de ambas as partes pode fazer com que esta experiência se torne um pouco mais leve. 

Referências
  1. Australian Bureau of Statistics (2018) Survey of Disability, Ageing and Carers.
  2. Landis, S. Safely Managing Chronic Pain. National Institutes of Health (NIH) Medline Plus Publication. Pages 4-5; Spring 2011. https://magazine.medlineplus.gov/pdf/MLP_Spring_2011.pdf
  3. Editorial Staff. Arthritis and Emotions. Arthritis Foundation. October 2019. https://www.arthritis.org/living-with-arthritis/life-stages/coping-with-change/emotions-and-feelings.php
  4. Schempp, D. Emotional Side of Caregiving. Family Caregiver Alliance. 2014. https://www.caregiver.org/emotional-side-caregiving
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